Tertúlia sobre autores nacionais
Ontem, inverteram-se os papéis.
Estive a assistir a uma tertúlia sobre autores nacionais em que os oradores
foram os leitores, ilustres leitores, cavaleiros da arte da leitura que andam
pelo país a divulgar autores e livros nacionais de forma descontraída,
divertida e sem tabus ou preconceitos. Sem que sejam pagos, por amor aos livros,
fazem um trabalho de divulgação e incentivo à leitura com alma plenamente
entregue a esta missão que abraçaram por vontade própria. Poderiam guardar isto
tudo para si próprios, não se aliarem ou perderem tempo com encontros e partilhas,
mas fazem-no com toda a generosidade que têm.
Uma das dinamizadoras foi
a Maria João Covas, posso dizer que se trata de uma das maiores estrelas da divulgação
literária do nosso país. Leu um livro meu sem qualquer preconceito, apesar de
se tratar de uma edição de autor, por isso, sem qualquer apoio ou referência de
uma editora. Assumiu o risco de o ler por curiosidade. Daí, resultou um vídeo com
a sua crítica no canal de youtube, Maria João Gosto Livros. Quem me enviou o
vídeo foi outro leitor, o Guilherme Pimenta, dinamizador muito jovem e atento. Quando
vi o vídeo chorei. Por vezes, sinto-me sozinha. Não me sinto sozinha no
processo da escrita que tem de ser solitário, para além de gostar e precisar de
estar sozinha todos os dias. Mas, no ato da publicação dos livros confesso que
me tenho sentido literalmente sozinha. Então, quando vi esse vídeo da Maria
João chorei de alegria por ver o meu trabalho reconhecido, chorei por saber que
afinal não estou assim tão sozinha como sentia estar ao publicar os meus livros
com edição de autor.
Pouco mais tarde, a
escritora Célia Correia Loureiro enviou-me uma fotografia em que o meu livro apareceu
na revista Activa numa entrevista feita à Maria João Covas. Não conhecia esta
mulher. Passados poucos meses, convidou-me para um dos clubes de leitura que
dinamiza, foi então que a conheci pessoalmente, este furacão na divulgação da
literatura nacional e internacional. No clube, conheci pessoas amantes de
livros, cultas, algumas dinamizadoras da literatura também como a Alexandra
Maia e Silva, de inteligência acutilante. Estes dinamizadores da literatura são
guerreiros que usam os livros como armas contra a vaidade, o preconceito, a
estupidez e a demência. São leitores inteligentes, interessantes e que sabem o
que gostam, o que querem, como e quando querem. Podem ser temidos, amados,
usados ou respeitados, e talvez isto tudo tanto lhes faz, porque o que lhes
interessa é lerem livros, estarem próximos de quem gosta de ler e seduzirem
outros para o seu mundo criando mais e mais leitores. Como autora portuguesa,
aqui fica a minha gratidão.
Ana Gil Campos
Que ficou comovida agora sou eu, muito obrigada pela referência e pelo carinho, os teus 2 livros, edição de autor, são muito bons e tenho muita pena que nao tenham a projeção que merecem, um abraço muito forte, beijinhos
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