Emojis

 

Primeiro, quando se começaram a usar emojis, pareceu-me absurdo, infantil. Mas, como se sabe, primeiro estranha-se, depois entranha-se, assim escreveu Fernando Pessoa sobre a Coca-Cola. Comecei a usá-los timidamente até não hesitar em os usar, sempre com alguma moderação, espero. Agora, sinto-me a retroceder a esta forma de expressão que tem muito de piroso. Admito que é útil quando, por exemplo, perante uma mensagem à qual não se sabe muito bem o que responder e também não se quer ser indelicada não respondendo nada, enviar um simples sorriso resolve a questão. Também entendo que é uma forma de conseguir que as outras pessoas se tornem mais recetivas às mensagens ou emails, mas chegamos a um ponto em que quem não os usa parecem pessoas impregnadas de profunda frieza. Talvez, ao deixar de usar emojis — uso-os cada vez menos —, passe a fazer parte do grupo de pessoas que parecem apáticas ou antipáticas, mas para que serve a escolha das palavras, a forma como as frases são construídas, a pontuação? Os emojis estão a transformar a escrita em carimbos e as pessoas sabem escrever cada vez menos.  


Ana Gil Campos


(próximo texto no dia 12 de abril)

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