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Dia Internacional da Mulher

      Ser mulher, dia da mulher, dia internacional da mulher. Todos os anos escrevo um texto sobre este dia e todos os anos me parece estar tudo escrito, todos os anos considero que não tenho mais nada para escrever no próximo ano e, no entanto, todos os anos abro o caderno, pego na caneta e escrevo sobre o que me habita no dia internacional da mulher, sobre esta pluralidade de ser que nos permite ver em pequenos espelhos, por partes, em cada mulher diferente. Não há nenhuma mulher que não tenha um pouco de outra mulher, quer naquelas por quem não se tem ponta de admiração, quer naquelas que nos inspiram. Mas talvez isto seja coisa comum ao ser humano, homem ou mulher, a individualidade de cada um funde-se na pluralidade.     Seria bom existir um dia único para todos, bastar apenas o dia internacional dos direitos humanos onde todos se reveriam, apoiariam e festejariam. Contudo, parece continuar a ser necessário o dia internacional da mulher porque tudo se repete e é cíclico na histó

Gerações de eleitores

Dados têm apontado para a tendência dos indivíduos do sexo masculino da geração Z — nascidos entre 1995 e 2010 — se posicionarem politicamente à direita — o que contraria a ideia de julgarmos que os jovens são mais vanguardistas —, ao contrário das mulheres que se têm posicionado à esquerda, embora Portugal não seja um caso evidente apesar da mesma tendência se ter vindo a verificar. Por que será que os homens jovens se têm mostrado mais conservadores apoiando líderes autoritários que lhes parecem fortes e prometem ação, e as mulheres mais progressistas? Tenta-se encontrar justificação para esta tendência à direita em relação ao género masculino na perda de referências como a religião, família tradicional, questões de género e orientação sexual. Mas estas não são questões comuns às mulheres jovens?   Depois de séculos de opressão e de desigualdade de direitos, onde as mulheres eram tendencialmente à direita até à década de 1970, fruto de costumes e hábitos de pensar tradicionais

Pandemias

  Parece que não se aprendeu nada com a pandemia de covid 19. As empresas não privilegiam o teletrabalho durante os meses de outono e inverno, as escolas não apresentam a possibilidade de escolha, quem está doente não usa máscara para proteger os outros em casa, no trabalho ou em locais públicos, e quem não está doente também não a usa convicto de que não será infetado, naquele momento sente-se bem. Enfim, quase nada se aprendeu.

Inverno

  Prometi a mim mesma abster-me do sacrifício de fazer exercício físico durante o inverno.

Personagens

  Seria simpático se as minhas personagens não se deitassem comigo na cama e continuassem a narrativa fora do papel. Seria simpático se esperassem dentro do caderno pelo dia seguinte. Mas gosto delas na mesma e não me importo que não se calem, que falem e falem e falem, cada vez as conheço melhor.

Passado

  Regressar a memórias do passado — daquelas que se afastam do que é bom — é um exercício de estupidez e, se estivermos atentos, o corpo responde, o estômago que se retrai, a pálpebra latejante, a respiração junto ao pescoço, o tom de voz que se eleva em revolta, ou se dilui em dor, enfim, regressar a este tipo de passado é trazer para o futuro emoções que não desejamos.   Ana Gil Campos

Janeiro

  Janeiro estendido à nossa frente, um convite à quase hibernação, apimentado com saídas breves, salgado por doces visitas, e a escuridão do dia a sussurrar pela noite que se deita até tarde pela manhã fria. Amanhã, dia de doce visita.   Ana Gil Campos