Dia dois de novembro

 

O vento do dia dois de novembro, exausto da própria fúria, rende-se ao sol, sorri-lhe, mas enfurece-se logo a seguir, não dá tréguas ao mar, arrasta-lhe as ondas, não dá tréguas a nada que não está entre paredes sólidas. Parece hesitar entre a chuva e o sol, indeciso e indiferente à sua indecisão, e berra, berra muito sem perder a voz, impaciente com tudo o que existe, impaciente por existir, mostra toda a força que tem com uma nota de que isto é apenas uma amostra mansa de quem poderia ser.

 

Ana Gil Campos

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