Língua
Num dos dias na praia, um
jovem português pediu-me desculpa em inglês quando a bola que estava a usar com
o grupo caiu junto à minha toalha. Sendo eu uma mulher tipicamente portuguesa,
e a praia que uso ser afastada dos pontos turísticos e usada praticamente por
moradores, questionei-me se não se estará a criar naturalmente uma espécie de
dialeto onde palavras estrangeiras, maioritariamente inglesas, se mesclam com a
língua portuguesa. Agora, lembrei-me de uma artista portuguesa que mistura os
dois idiomas, português e inglês, em liberdade total. A língua também pode ser exercida
em liberdade, sem qualquer limite. Descartando a liberdade, há um conjunto de
regras e gosto pessoal, mas não se negue que dentro do perímetro de todas as
regras da língua portuguesa, há liberdade, muita liberdade: a escolha de cada
palavra, construção frásica, encadeamento do pensamento vertido em parágrafos é
liberdade, e quanta beleza há nisto.
Ana Gil Campos
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