Futebol

 

Na caixa de um café, enquanto aguardo a minha vez para pagar, o cliente que está a ser atendido, provavelmente habitual, faz conversa de circunstância com o funcionário, atiram um ao outro piadas futebolísticas, pareceu-me que um seria do sporting e o outro do porto, mas não estou certa disto. Parece-me de forma geral, que os homens estão a tornar-se imunes à febre clubista – só espero que a moda do futebol feminino não enviese por este lastimável comportamento, comportamento que sinto cada vez mais adormecido nos homens. Pergunto-me se terão sido os inúmeros programas televisivos sobre futebol, e o mundo paralelo que gira à sua volta, que terão levado os homens a se tornarem menos impulsivos em relação ao seu clube, a lhes darem menos importância, ou a devida importância no sentido de existirem com toda a certeza coisas mais importantes na sua própria vida e na vida em geral. Parece-me uma paixão adormecida que não se transformou nem em amor nem em ódio. Terá sido o excesso de informação e de opiniões transmitidas pelos canais televisivos ou uma maturidade global da sociedade relativamente a isto? Seria bom que o futebol fosse apenas futebol, aquilo que se passa dentro do campo, cada vez menos territorial, apenas uma atividade lúdica para quem assiste, uma espécie de ida ao cinema que ora se sai dececionado com o filme ora agradado, mas sem se fazer disse qualquer tipo de drama, afinal é só um filme, afinal é só um jogo. Talvez no futuro, não haja lados nas bancadas, talvez seja seguro e habitual que adeptos de diferentes clubes se sentem lado a lado a verem o mesmo jogo, talvez se vá ver um jogo independentemente do clube, apenas porque se sabe que será um bom jogo. Talvez.

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