Amo-te

 

Li há pouco, algures, uma pessoa afirmar que não gosta de ouvir dizer “amo-te”, que fica mal na língua portuguesa, mas que gosta de ouvir noutras línguas, como em italiano, francês ou inglês. Talvez esta consideração se trate de um cliché, algum vício de raciocínio que não é intimamente nosso, já li ou ouvi o mesmo noutras ocasiões. Ou então não, talvez cause a algumas pessoas um verdadeiro arrepio desagradável, talvez sintam pudor em ouvir a expressão dirigida a si, e muita inibição em a dizer. Atrevo-me a dizer que é uma questão de prática, primeiro estranha-se, depois entranha-se. Dizer e ouvir “amo-te” não causa verdadeira urticária, oscila apenas entre a felicidade e o sofrimento.

Amo-te, uma declaração inteira quando sincera, de sonoridade imponente, onde a doçura está toda no pronome pessoal te, na entrega. A quem amas? A ti, toma, o meu amor é teu. Não vejo onde ti amo, je t'aime, i love you sejam mais belos ou mais intensos do que amo-te.


Ana Gil Campos


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