Festa do pijama
Em contraste com as
fotografias e vídeos que aparecem e desaparecem nas redes sociais com pessoas
em festivais de música de verão, fiz uma festa de pijama em casa, a pedido do
meu filho, para os amigos: catorze crianças entre os cinco e os seis anos. Mal
dormi na noite anterior, dada a responsabilidade. A festa começou a meio da
tarde e foi até às 22 horas, apesar do pedido ter sido até de manhã ― pedido
obviamente negado, pelo menos por enquanto.
Na manhã do dia da festa,
enquanto tomávamos o pequeno-almoço, o meu filho assegurou-me, quase como se
adivinhasse o meu desassossego interior, a minha antecipada preocupação, de que
não me iria arrepender: “vais ver, mamã, não te vais arrepender”. Não me
arrependi, apesar de todo o trabalho. Na manhã seguinte, acordei com um
sentimento de realização com a alegria que proporcionamos àquele grupo
irrequieto e feliz. Mas o que mais me espantou foi a afirmação do meu filho, de
que não me iria arrepender. Espanto-me sempre com a maturidade das crianças
pequenas, prova de que nascemos sábias e puras, condição que vamos perdendo
para reaprendermos com a vida tudo aquilo que já sabíamos ao nascer.
Ana Gil Campos
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