Ser Mulher e Dia da Mulher

 

Ser mulher não é ir ao cabeleireiro e fazer as unhas, ou falar sobre receitas, embora o possamos fazer no nosso dia-a-dia. Ser mulher é ter de desempenhar vários papéis com toda a nossa força e inteligência e desesperar por sentirmos que não temos tempo para tudo, porque, muitas vezes, não temos. Em certas alturas, ainda parece tudo muito injusto.

Mas justo não é a mulher querer ser igual ao homem, é ter os mesmos direitos que ele, e os mesmos deveres como é óbvio. O mesmo se aplica ao homem.

Quando comecei a escrever este texto, vi-me tentada a referir maus exemplos, comportamentos machistas e criminosos, mas isso não é dar-lhes protagonismo, força ao próprio ego? Entreguemos esses casos à justiça, e, no caso de falhar, cá estaremos para dar voz a cada um dos casos.

O discurso de generalização de estereótipo do homem é perigoso, não é justo para os homens evoluídos e é, ao mesmo tempo, tirar a oportunidade aos homens que estão em processo evolutivo, a caminharem ao seu ritmo, mas a evoluírem. Algumas mulheres também se encontram nesta fase, o machismo não parte apenas de alguns homens. Abandonemos os estereótipos, quer de homens, quer de mulheres.

Este é um caminho de todos, é um caminho da sociedade que deve ter como base valores e condutas nessa direção, até que chegue o momento em que não existem homens nem mulheres, existem apenas seres humanos.

Vamos honrar mulheres e homens que se respeitam como seres individuais e de igual valor e dar-lhes o destaque merecido para que sirvam de exemplo, para que a sociedade respire esta realidade. Claro que neste processo evolutivo, tal como em qualquer outra área da sociedade, é necessário estarmos em alerta, porque um retrocesso é possível a qualquer momento se nos distrairmos, se não atuarmos no momento certo.

Agora, sobre o dia da mulher: não é sobre vestir uma bonita lingerie, embora nos possa apetecer, ou não, nem é sobre receber bombons, ou ramo de rosas, no meu caso, a receber que seja uma orquídea em vaso, também não resisto a um jarro de tulipas, confesso. O que quero dizer, é que não façamos deste dia algo fútil, que não é, a verdade não é bela nem fácil, é dura, difícil, trabalhosa. Vamos olhar para esta data com a profundidade e o respeito que ela merece.

Lembro também que este não é um dia nacional, é um dia internacional. Há uma frase que não me canso de dizer nesta data, e repito-a mais uma vez, apesar de todas as mulheres viverem no mesmo século, algumas distanciam-se em séculos no mesmo tempo. E mais uma vez reforço que o dia da mulher, para além de ser um dia de celebração dos direitos conquistados, é também um alerta de que ainda há muita coisa a fazer, em Portugal inclusive.

Feliz Dia da Mulher para todos.


Ana Gil Campos

*Cadernos

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