365 dias de guerra
365 dias de guerra contra
a Ucrânia, contra os Direitos do Homem. Um aniversário de horror. 365 dias de
destruição massiva, de mortes, de desespero, de medo, de vidas perdidas e
desestruturadas. Há alguma coisa que justifica a guerra? A luta pela liberdade, o
direito e respeito pela vida humana e apenas isso.
Um ano de guerra é tempo suficiente
para que as pessoas já se tenham acostumado a notícias de crueldade sem se
chocarem. Não é apatia, é a adaptação ao terror, inerente à capacidade do ser
humano de defender a própria sanidade mental. Não sendo apatia nem aceitação, a
luta pela justiça tem de se manter, sem hesitações nem dias de atraso. As
mentes dos países que dizem defender a democracia e os Direitos Humanos têm de
se afirmar e atuar diariamente sem descanso, apesar do desgaste permanente em conquistas
lentas e penosas. Mas a cura para este ego desmedido e coletivo guiado por
Putin, o despertar da ilusão pela ambição de um novo império tem de vir do
núcleo da Rússia. Os russos teriam este poder se realmente quisessem? Não estou
a falar de quem não tem força efetivamente nenhuma a não ser a própria voz que
sentenciaria a sua morte. Refiro-me aos que fazem parte da “corte”, que já
devem ter entendido que pouco ou nada ganham com isto, por que não se movem,
por que não se arriscam a serem heróis? Uma utopia que fica tão bela num texto,
mas na verdade estátuas seguras se ergueriam pelo mundo em sua honra. Não podem
existir mais 365 dias destes, a contagem tem de ser decrescente para o bem de
todos, e, no entanto, nada parece seguir este caminho. Uma guerra procura
sempre aliados, e, assim, em vez de ser numa parte do mundo passa a ser entre
mundos, e adensa-se, complica-se, alonga-se, é alimentada em vez de erradicada.
Ameaças latentes com uma guerra nuclear por parte de quem tomou a decisão
unilateral para o início do conflito, por um lado, e a imoralidade de
interesses económicos como os negócios do petróleo e de armamento, por outro. Mas
é tudo ainda mais complexo, as mãos vão sendo dadas e largadas, dadas e
largadas. Tudo recomeça.
Espera-se paz e que seja
uma paz justa, com respeito pela soberania. Uma paz que implica a submissão da
Ucrânia é uma humilhação, não é verdadeira paz, é silenciar a justiça, a
dignidade dos direitos humanos, é adormecer a guerra apenas.
Ana Gil Campos
*Cadernos
Teremos de situar o conflito nos seus contextos. E o contexto deste começa após a queda do muro, na promessa feita pelos EUA a Gorbatchev de que a OTAN não se iria expandir para Leste, em troca da sua aceitação da reunificação alemã. E vários foram os avisos por parte de membros do governo americano e de dirigentes da OTAN, durante os anos 90, de que se a expansão da OTAN chegasse à Ucrânia, isso significaria uma guerra com a Rússia. Não nos podemos reduzir a julgamentos morais para entendermos esta guerra.
ResponderEliminarObrigada pelo comentário.
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